Em continuação dos textos publicados com os títulos XIX Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais: PARTE 1 e XIX Mostra Internacional de Doces & Licores Conventuais: PARTE 2, logo de seguida aproximei-me da mesa respeitante ao Licor de Ginja M.S.R., que é produzido em Alcobaça, de forma artesanal, exclusivamente a partir de ginjas frescas da variedade Folha-no-pé, colhidas manualmente na Região Oeste de Portugal, nomeadamente na área geográfica correspondente às antigas terras Cistercienses, onde se encontram as condições ideais, caracterizadas por um clima temperado e húmido devido à influência próxima do mar.
E o mesmo surgiu na década de 20 do século XX, pelas mãos de Manuel de Sousa Ribeiro, (1894-1976), nascido em Cedofeita, Porto, no seio de uma família brasonada e abastada, tendo tido formação cultural e académica superior obtida em Inglaterra, para depois trabalhar nas duas mais importantes casas agrícolas de Alcobaça, no sector de produção de vinhos e aguardentes, tendo-se transformado num reputado especialista em vinhos, vinagres e aguardentes.
Acrescente-se também que a forma cónica original e única da embalagem utilizada, cujo modelo fora patenteado em 1930, remonta ao inicio do século XX, por sua vez desenhada por Carlos Campeão, farmacêutico em Alcobaça, e também proprietário da firma C. Campeão & Cª, fundada em 1915, produtora dos Licores de Cister que inicialmente utilizou este modelo nos seus licores, tendo posteriormente, cedido os seus direitos a Manuel de Sousa Ribeiro.
E, curiosamente, a garrafa é ainda embrulhada em papel seda branco em homenagem aos Monges de Cister, também conhecidos por Monges Brancos.
Para terminar, sendo eu natural de Leiria, não podia deixar de passar pela bancada relativa às Pastelarias Pão Quente e Pão do Marquês localizadas nessa mesma cidade, sendo elas especialistas em doces conventuais, pastelaria e doçaria, tais como as intituladas "Brisas do Liz"!
Tudo começou há cerca de 37 anos, com a abertura do primeiro balcão na cidade de Leiria, seguindo-se, já no decorrer do ano de 1995, a exploração de outros dois espaços dentro do próprio Hospital de Santo André em Leiria, sendo todo este percurso o resultado de bastante trabalho, esforço e dedicação, por parte de uma equipa de profissionais sempre dispostos a colaborar e a evoluir.
Entretanto, com o surgimento da primeira Montra de Doces Conventuais em Alcobaça, a mesma equipa deu também início a uma busca ainda mais aprofundada acerca de determinados produtos com origem histórica na zona de Leiria, conseguindo, assim, adquirir vários prémios, logo uma maior vontade em continuar a apostar na inovação!
Em resumo, a riqueza de toda a doçaria portuguesa deve-se em grande parte a todo um conjunto de hábitos dos conventos e mosteiros portugueses a ver com a utilização das claras de ovos na confeção de hóstias ou quando era preciso engomar os hábitos, levando ao aperfeiçoamento de determinadas receitas por parte de freiras e frades, de forma a não desperdiçar as respetivas gemas.
Professora, dona de casa, blogueira, apaixonada pela cozinha, ansiosa por conhecer novos caminhos
e que acredita no amor pela vida e pelos outros.
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