Maria
Delfina Gama, natural de Vila Verde, com o Curso de Introdução ao Turismo na área de
Hotelaria & Turismo, bem como com a Especialização
em Direção Hoteleira, tem assumido, e com elevada distinção, ao longo da
sua carreira profissional, inúmeros cargos em Hotelaria e Restauração, para
além der ser uma excelente Formadora e uma verdadeira conhecedora e
transmissora da sua área de saber.
Acrescente-se, ainda, que tem recebido alguns prémios como
forma de reconhecimento pelo seu trabalho prestado de uma forma exemplar e bastante
coerente, tendo até chegado a publicar os seguintes livros: “O Sr.
Y e Outros Senhores” (2013) e
“Um
Conto de Fadas num Inferno de Estrelas” (2015).
Neste momento, encontra-se em mudança para uma unidade
hoteleira a abrir no distrito em Lisboa,
onde os clientes vão poder usufruir de um SPA
com diversos serviços!
Por tudo isto, achei por bem convidar a própria Maria Delfina Gama para responder a
algumas questões elaboradas por mim, no sentido de dar a conhecer, aos caros
leitores deste Blog, um pouco mais
sobre si e de qual tem sido, afinal, a sua experiência na área de Hotelaria
e Restauração, mas também ao nível do desenvolvimento do Turismo
em Portugal, agradecendo, desde já, todo o seu tempo despendido:
1.
Tendo em
conta o seu valioso currículo, como é que foi chegar ao cargo de Diretora de um
Hotel?
Maria Delfina Gama: Eu costumo
dizer que não tenho sonhos, sempre tive e tenho objetivos a atingir: chegar a
Diretora de Hotel foi um dos objetivos que tracei muito cedo, ainda jovem,
passei por todas as secções de um hotel, não foi fácil. Ao contrário do que
muitas pessoas que conheço há poucos anos pensam (e mesmo algumas que me
conhecem desde sempre) não foi fácil nem para mim nem para os meus cinco irmãos
passar ano após ano, nas férias de Carnaval, Páscoa, verão entre outros
períodos em que não tínhamos aulas a lavar talheres, loiça, tachos/ panelas e a
ajudar no que fosse preciso… a esses períodos acrescento a maior parte dos
fins-de-semana altura em que havia sempre muitos eventos, nomeadamente,
casamentos. Atingi o objetivo com muito esforço e muita disponibilidade (devo
realçar que, muitas vezes, a contragosto).
2.
Mas quais
deverão ser as verdadeiras valências de um bom diretor de hotel?
Maria Delfina Gama: As verdadeiras valências de um bom diretor de hotel não se aprendem em
nenhuma escola, falo, por exemplo, da paixão pela profissão, do bem servir, da
tentativa de chegarmos ao serviço de excelência. Foi-nos ensinado que devíamos
ter orgulho em servir, servir com qualidade e nunca defraudar as expetativas
dos Clientes. Paixão + bem servir são os ingredientes mais importantes para o
sucesso na profissão. E isto não se aprende no exercício de funções em 2,3,4 ou
5 anos…demora muito mais tempo do que isso. Costumo dizer que um diretor de
hotel é: “(…) é um chefe de família de uma que nunca vai ser a sua; é um
poderoso observador que nunca vai poder falar de uma parte que observa e se
obrigado a tomar medidas drásticas sobre a outra parte que observa; é uma
pessoa que se vê obrigada a aprender tudo o que é inerente à sua profissão e de
muitas outras para conseguir exercer a função (…). Ainda que forme o mais bem
possível todos ao serviço, numa falha seja de que natureza for é sempre o apontado
como responsável ainda que tudo tenha feito para resultados contrários aos
obtidos. É o responsável de uma cadeia sem grades cujas saídas precárias
obrigam a um contacto permanente e que tem que evitar vida pessoal (…).
Obrigatoriamente acaba por ter conhecimentos de muitas outras áreas como
matemática, psicologia, etc.” (referido no Livro O Sr Y)
3. Considera
as inspeções regulares do Turismo de Portugal às unidades hoteleiras
importantes?
Maria Delfina Gama: As
inspeções regulares aos hotéis e similares são muito importantes, lamento que
agora não sejam efetuadas como o eram há uns anos, ao contrário do que muitos
pensam, essas inspeções eram uma mais-valia, uma grande segurança. Além dos
mencionados deviam ser feitas aos alojamentos locais, hostels, etc, também.
4. A
mão-de-obra, com tantas escolas ligadas ao turismo, agora é fácil de recrutar, correto?
Maria Delfina Gama: Na minha
opinião, não, não é nada fácil. Como diz, há muitas escolas, mas não há
mão-de-obra, cada vez é mais difícil encontrar funcionários com alguma formação
hoteleira ou, mesmo, outras pessoas com real interesse em trabalhar nos hotéis,
uma grande percentagem de pessoas que trabalham nesta área fazem-no, apenas,
por que não arranjaram mais nada… somos o último recurso.
5. E o que gostava de ver mudado e como se deve
trabalhar?
Maria Delfina Gama: Para já,
gostava de ver regulamentada a profissão de Diretor de Hotel novamente e com os
mesmos requisitos que me foram exigidos, não sei se tem conhecimento da
desregulamentação? Sempre ouvi dizer que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”
o cumprimento de objetivos e rentabilização das empresas exige tempo, tempo
esse que encurta a cada dia aquando de interferências de terceiros, muitos
deviam estar muito atentos a estas situações. Eu trabalho com a realidade e
verdade, se vejo que não há hipótese de “levar o barco a bom porto” sou a
primeira a dar esta opinião sob pena de me prejudicar a nível profissional e
pessoal, a título de exemplo, há bem pouco tempo aconselhei um administrador a
acabar com a restauração ou a alugar ou a vender, optou pela segunda solução.
Tenho muita pena que outros assim não o tenham feito, estariam muito melhor.
6.
Já agora, o
que é que está a achar do desenvolvimento do turismo no nosso país,
nomeadamente na cidade de Lisboa? Será que existe uma prática de gestão sustentável,
ou que tipo de iniciativas poderiam ser iniciadas nesse sentido?
Maria Delfina Gama: Este ano
houve uma descida acentuada, não vejo melhoras num futuro imediato,
infelizmente. Como vê pelas respostas anteriores, eu não quero dar respostas
“politicamente corretas” ou que demonstrem algum saber em gestão (o que é
essencial na nossa profissão, logo temos esses conhecimentos) nem falar em
ideias ou iniciativas e porquê? Por que ao longo dos anos tenho dado o parecer
a várias entidades que se fazem de cegos, surdos e mudos! Por outro lado,
ingenuamente, dei muitas ideias que foram aproveitadas por terceiros como suas.
Tenho o hábito de dizer que hoje, comparativamente, com há 30/40 anos temos
magníficas infraestruturas, mas…
7. Entretanto, pelas pesquisas que eu fiz, eu sei que também já escreveu 2 livros, “O Sr. Y e Outros Senhores” (2013) e “Um Conto de Fadas num Inferno de Estrelas” (2015), por isso diga-me quais é que foram os seus propósitos na altura, descrevendo-me um pouco cada um deles, para os leitores deste blog ficarem também a conhecê-los.
Maria Delfina Gama: Sim, é verdade que já editei dois livros, infelizmente, não editei mais por que é bastante dispendioso e o retorno, no meu caso, não é nenhum.
O Sr Y e Outros Senhores – Hotelaria & Restauração No Seu Melhor com 376 pequenas histórias, cuja interpretação fica à consideração dos leitores, editei convicta que alguém pegaria nele e iria entender a minha mensagem, que não era mais do que a necessidade demonstrar que o bem da empresa é o bem de todos os que nela trabalham sendo imperiosa a necessidade de nunca defraudar as expectativas dos Clientes contudo, pese ter explicado a algumas pessoas, o que foi passado para o grande público é que era um género de retaliação ás entidades patronais!!! Nada mais absurdo!!! Puxando “a brasa à minha sardinha” como se costuma dizer este livro devia ser bem estudado nas escolas de hotelaria (…)
Quanto ao “Um Conto de Fadas Num Inferno de Estrelas – A Europa Aberta a ideia surgiu pelo meu constante descontentamento das fronteiras abertas. A segurança é muito importante, sempre viajei e nunca tive quaisquer problemas nas fronteiras, hoje temos tudo, não há necessidade de se ir a Espanha buscar isto ou aquilo… quer dizer, na verdade, quem vai buscar gás pela disparidade de preço talvez não o pudesse fazer, mas a gasolina seria igual… Por mero acaso dou como exemplo o transporte de droga, mas poderia ser outro produto qualquer, aproveitei para falar em imensos locais de Portugal, Espanha, Andorra e Itália. 80% é em Itália que eu conheço bem e merecem ser visitados.
Uma ficção que muitos leitores adoraram e aguardam o segundo volume.
8.
Por acaso
acreditava em contos de fadas quando era criança?
Maria Delfina Gama: Tinha
feito 5 anos em Abril e entrei nesse ano na escola primária, comecei a ler
muito cedo livros Anita, dos 5, dos 7 Enid Blyton, Clarissa do Érico Veríssimo,
Pearl Buck, Agatha Christie, etc. que me permitiam viajar, mas nunca acreditei
em contos de fadas! Talvez, por que, no dia-a-dia nos faziam sentir bastante o
esforço que existia para podermos ter tudo, o que na verdade sempre tivemos.
9. E por quantas pessoas Y é que já se cruzou por aí?
Maria Delfina Gama: Já me cruzei com muitas pessoas Y, mas seria muito injusto dizer que no grupo Y são todas iguais. Não corresponde à verdade. Existem pessoas Y, por estranho que pareça, de quem gosto bastante…
10.
Afinal, o
que é que significam, para si, as palavras “Braga” e “Ericeira”?
Maria Delfina Gama: Braga
significa berço, casa, Família, escola, grandeza… Ericeira significa paz,
liberdade, trabalho…
11.
No que diz
respeito à culinária, quais é que foram os melhores pratos que já lhe serviram
até hoje e onde?
Maria Delfina Gama: Não quero
correr o risco de não mencionar alguns locais pelo que se não se importa
preferia, talvez, dizer quais os restaurantes que mais gosto em Braga e na
Ericeira?
Em Braga,
Trotas Restaurante, em especial as Francesinhas e Papas de Sarrabulho,
Restaurante Paulo Padeiro, em especial Cabrito no Forno, Restaurante Victor em
São João de Rei, Bacalhau Assado é excecional… Na Ericeira Restaurante
Gafanhoto que tem todos os dias pratos caseiros excelentes como o Cozido à
Portuguesa, Tik Tapas e Tik Tak … restaurantes
abertos há décadas com um serviço de excelência.
Professora, dona de casa, blogger, apaixonada pela cozinha, ansiosa por conhecer novos caminhos
e que acredita no amor pela vida e pelos outros.
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