sexta-feira, 20 de julho de 2018

PLANTAS PARA COLHER E DEGUSTAR: texto 11 - Borragem (by Miguel Boieiro)


Os amantes da Arrábida, que procuram com deleite os encantos desta bela serra durante todo o ano, encontram já em fins de fevereiro, nas cercanias de Azeitão, a borragem florida. Indubitavelmente, dos azuis mais vistosos que a natureza ostenta, em forma de estrela e aos cachos, as flores de borragem têm inspirado artistas desde remotas eras. E se em terras mais frias a floração só acontece lá para os meses de maio ou junho, na Arrábida ela vem muito cedo, brindando as abelhas que a buscam com avidez para produzir o maravilhoso néctar.





A Borago officinalis é uma herbácea anual da família das Borragináceas, cujo porte majestoso se eleva por vezes a 60 cm do solo se este for rico em húmus e o local soalheiro. A planta apresenta-se simples ou ramificada, com caule cilíndrico e grandes folhas enrugadas de forma elíptica e pecíolo curto. Tanto o caule como as folhas estão cobertos de pêlos que se transformam em finos espinhos à medida que a planta atinge maturidade. As flores, possuindo longos pecíolos, são de um azul muito vivo e abrem em estrela, como já se disse. Têm cinco pétalas ligadas entre si com anteras pontiagudas de cor escura.



Segundo se julga, a borragem é oriunda da região mediterrânica. No nosso país é frequente em terrenos incultos, suportando altitudes até aos 1800 metros. Em França há quem a cultive nas hortas como planta comestível, quando as suas folhas tenras ainda se encontram desprovidas de espinhos. Fica bem, quer na confeção de sopas, quer na preparação de saladas onde o seu delicado sabor a pepino se sobrepõe. As flores podem ser também utilizadas em culinária pelo seu aspecto agradavelmente decorativo.


Brendan Lehane, na obra «The Power of Plants», aponta uma curiosa associação entre a borragem e o morangueiro. Segundo este autor, a presença da borragem incrementa extraordinariamente a produção de morangos.


No que respeita à fitoterapia, a borragem é uma das plantas mais aconselhadas. A sua composição química integra mucilagens, nitrato de potássio, tanino, saponósidos, resinas e vitamina C.




É extremamente eficaz para combater as bronquites, os resfriamentos e as tosses rebeldes. Como sudorífico é utilizado desde tempos muito antigos, tendo portanto, ação benéfica sobre os rins e a pele. Além disso, a planta é também diurética, emoliente, expectorante e peitoral. O «chá», que deve ser tomado bem quente e adoçado com mel, prepara-se a partir de 30 g de flores, ou 50 g de folhas e caules, para um litro de água. Convém tomar-se várias chávenas por dia no intervalo das refeições. De preferência devemos usar a planta verde, pois desta forma, possui muito mais princípios ativos.


Outra maneira de usar a borragem é através de cataplasmas das folhas finamente migadas que atuam como calmante e descongestionante para queimaduras, abcessos, gota e reumatismo.


Finalmente, referimos ainda as potencialidades da borragem na cosmética, visto possuir as mesmas propriedades do pepino para limpar e tonificar a pele. O suco, que é bastante abundante, desimpede os poros da epiderme, dilatando-os e oleando-os. Para confecionar máscaras faciais é ótimo, dado ser mais suportável para cútis delicadas do que muitos outros preparados.



Miguel Boieiro






Blogue Cozinha Com Rosto

                      


Professora, dona de casa, blogueira, apaixonada pela cozinha, ansiosa por conhecer novos caminhos 
e que acredita no amor pela vida e pelos outros.

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