Pela grande variedade de solos a que se juntam diversos
microclimas, o nosso País pode justamente considerar-se uma das reservas
mundiais da flora medicinal, dado que dispõe de ótimas condições para a
produção de variadíssimas espécies. Daí que muito dificilmente se possa
compreender que se importem determinadas plantas medicinais e seus extratos, de
países onde, por vezes, é necessário criar condições artificiais de produção.
Estamos a falar da cavalinha ou Equisetum arvense L., planta vivaz da família das Equisetáceas que teve a sua origem em
épocas geológicas muito recuadas. Esta planta primitiva, autêntico fóssil vivo,
não floresce, não possuindo, portanto, sementes. A reprodução processa-se
através de esporos contidos nos esporângios que se encontram agrupados na
espiga com que termina o primeiro caule da planta. Feita a dispersão dos
esporos, os caules primitivos, de cor acastanhada, murcham. Nascem então outros
caules verde claros, canelados, ocos e ramificados que se dividem em segmentos
separados por pequenos nós. Os segundos caules, estéreis, que chegam a atingir
mais de um metro de altura, são os que possuem atributos medicinais.
A cavalinha propaga-se com muita facilidade em solos arenosos
e húmidos, constituindo uma erva daninha, flagelo dos agricultores. Deve ser
colhida no verão e seca à sombra. Depois de cortada em pequenos troços, convém
guardá-la em recipientes herméticos. Conserva as suas propriedades durante
alguns anos.
Os naturopatas são unânimes acerca das extraordinárias
virtudes curativas da cavalinha, a qual contém potássio, ferro, sódio,
magnésio, enxofre e sobretudo, silício. O famoso naturista Kneipp considerava a
cavalinha, uma das doze plantas medicinais mais incontornáveis e recomendava-a
para o combate às seguintes enfermidades: gripes, catarros, resfriados,
reumatismos, gota, hidropisia, ciática, inchações, herpes, cárie, pés gretados,
hemorroidal, cálculos, doenças dos rins, fígado, baço e bexiga, hemorragias e
cancro. É na realidade uma lista impressionante mas ainda assim, incompleta. O
espanhol Ferran Comas aconselha-a para o bócio, as inflamações oculares e a
tuberculose. O médico chileno Lazaeta Acharan gaba a sua eficácia
extraordinária na cicatrização de todo o tipo de feridas.
A rapidez com que estanca qualquer hemorragia é espectacular.
Também não parece haver dúvidas de que a cavalinha limpa as impurezas do
organismo, essencialmente por ação do silício solúvel de que é bastante rica.
A utilização do concentrado da cozedura da cavalinha para
juntar à água do banho dá também bons resultados. Para males respiratórios
aconselha-se a aspirar o vapor da cozedura da planta. Da cavalinha fresca pode
extrair-se o respetivo suco, que é a melhor maneira de se aproveitar as suas
excecionais propriedades. Infelizmente importamos este extrato da Alemanha a
preços altíssimos.
Enfim, há ainda quem recomende misturar os rebentos tenros
nas saladas cruas, ou usar o pó para temperar a comida já que a cavalinha é,
comprovadamente, um ótimo remineralizante.
Miguel Boieiro
Professora, dona de casa, blogueira, apaixonada pela cozinha, ansiosa por conhecer novos caminhos
e que acredita no amor pela vida e pelos outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário